Faz duas semanas que pesquiso sobre Desdemona, iniciei hoje meu processo de criação de partitura.
Desdemona, apesar de ser submissa as vontades do marido Otelo era muito independente. Ela, assim como Lady Macbeth, foi uma mulher a frente do seu tempo, deixou a casa do seu pai e casou-se com um negro sem pedir permissão ao pai (quebrando barreiras de gênero da sociedade patriarcal de Veneza). Durante o casamento tomava algumas decisões sem o consentimento de Otelo, nem sempre estava de acordo com as atitudes de seu marido e defendia seu ponto de vista.
"A submissão é uma atitude mútua, independente daquele que julga ter mais autoridade se comparado ao outro. Ela significa limitar-se voluntariamente ao outro sem contrariar a nossa consciência ou nos obrigar a fazer algo condenável ou à força."
Posso supor que Desdemona foi muito sábia ao ser submissa, ela o foi para tornar o casamento e a vida dos que conviviam com eles mais fácil e também pelo que ela sentia por ele, não por ele. Mas a sua honestidade e ousadia a traiu, por ser decidida e de personalidade forte, Otelo foi facilmente influenciado a desconfiar de sua esposa, já que ela tomava suas decisões sozinha.
Ofélia e Desdemona cantam, ela antes de ser asfixiada, sente vontade de cantar uma música que outra mulher assassinada cantou:
"Perto de um plátano
Suspirando, sentou-se a pobre alma.
Chorai todos o verde salgueiro!
A mão no peito, a cabeça curvando,
Chorai salgueiro, salgueiro, salgueiro!
Fresco regato ali corria perto dela
E murmurava seus lamentos.
Chorai salgueiro, salgueiro, salgueiro!
O amargo pranto que dos olhos lhe corria
As próprias pedras amolecia...
Chorai salgueiro, salgueiro, salgueiro!
Cantai todos que de um verde salgueiro
Uma grinalda para mim farei.
Ninguém lhe censure o desdém que aprovo.
Eu, falso meu amor chamei.
Que disse ele então?
Chorai salgueiro, salgueiro, salgueiro!
Cada traição só enche mais tua cama!"
Para entender melhor a canção, pesquisei sobre o Salgueiro. É o nome comum de plantas do gênero Salix, que quer dizerpróximo da água. Na China era símbolo da imortalidade e para alcançá-la eles cobriam-se de folhas de salgueiro, talvez dai ela tenha cantado que "de um verde salgueiro uma grinalda para mim farei".
Só posso adiantar que na minha partitura haverá canto, corpo e elemento cênico.
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