Após a experiência em Teresina junto ao
Núcleo do Dirceu, chego ao Rio instigado em incitar o que se espera de uma experiência colaborativa.
Trocar experiências, conhecer artistas de outros lugares e contextos é um argumento plausível para defender um lugar de colaboração. Mas, colaborar para quê? Vamos montar uma performance? Uma dança? Vamos bolar um vídeo? Um filme? Um acelerador criativo?
Perguntas assim podem parecer tolas a principio, mas talvez através delas podemos encontrar alguma clareza sobre nossos desejos reais em colaborar, ou não.
Colaborar não significa ajudar alguém. Colaborar é somar. é usar recursos pessoais em contato com outras idéias que possam promover novos entendimentos, novos procedimentos e , portanto, novas idéias. Tenho pensado que cada individuo, na verdade, é um coletivo em si, porque sempre recorre à sua rede de relações alguma referência, alguma discussão, alguma questão. Essas contribuições indiretas portanto também fomentam um processo colaborativo como este, ganhando visibilidade no modo como você participa e conduz seus investimentos em criação, promovendo desdobramentos e estabelecendo novas redes, novas conexões.
No Rio começamos nossa jornada trocando nossas cartas de intenção, as que foram enviadas na inscrição e garantiram uma vaga no colaboratorio. Trocamos as cartas e nos apropriamos de outras falas sem tempo de entende-las. Sim, foi um exercício imediato de apropriação e ficção. Como seria se aquelas palavras fossem minhas, se aquele projeto fosse meu?
A partir dessa experiência pensamos em entrevistas trocadas, nos apropriando da ficção providenciada inicialmente.
Nesse segundo experimento decidimos pela entrevista como uma forma de retirar maiores informações e, possivelmente, mais clareza sobre nossos projetos ou desejos de projeto.
Trocamos os papéis: O entrevistador é o autor do projeto e formula perguntas para o entrevistado, que por sua conta busca maiores informações para responder e refletir sobre o “seu” projeto. Deu pra entender? Sabe o programa troca de esposas? Por ai....
Tanto as cartas de intenção ou, como passamos a chamar, “depoimentos”, foram registrados em video, sem publico presente apenas camera e falantes.
Dessa experiência pensamos em extrair uma metáfora que desse conta de uma resolução para algum aspecto do projeto via experiência da entrevista realizada. Encontrando uma metáfora, formulamos tarefas para se aproximar da metáfora pensada. Isso porque “tarefa” foi um dos aspectos, talvez o maior, dessas três semanas.
Bom, criar uma metáfora para uma idéia não é algo simples e, tornamos ainda mais complexo quando decidimos chegar na metáfora através de uma tarefa. As tarefas eram solicitadas pelo e para o grupo, ou parte do grupo, ou individualmente (de acordo com a necessidade de cada tarefa).
O que são tarefas ?
São restrições, parâmetros e/ou condições formulados para produzir material fisico, situações, resíduos ou questões que auxiliem no andamento de um projeto, de uma pesquisa, de uma idéia, de uma criação. A tarefa pressupõe o exercício de formular e comunicar, para um grupo de pessoas, de forma objetiva e precisa, um campo de ação individual e/ou coletivo.
Em nossas elaborações encontramos alguns tipos que promoveram algumas discussões e reformulações.
Identificamos tarefas mais “dirigidas”, que se aproximaram de um “score”, e outras que providenciaram maior espaço de apropriação e distanciamento, produzindo resoluções mais improváveis.
Estamos ainda pensando nas diferenças entre tarefas/ferramentas/scores (optamos por não traduzir score, o mais adequado talvez seja roteiro), onde elas convergem e o quê especificamente as tornam diferentes?
Algumas possibilidades entre elas:
1- uma tarefa pode me levar a encontrar uma ferramenta de criação;
2- posso montar um score com tarefas e ferramentas;
3- posso me utilizar de varias ferramentas para executar uma tarefa;
4- posso me utilizar de outras ferramentas para testar uma ferramenta específica;
5- uma ferramenta pode promover uma tarefa.
Uma referência importante que nos ajudou a pensar sobre isso:
http://www.everybodystoolbox.net
E, é de la que vem o “Générique Performance” (GP) que testaremos em nosso último encontro que estará aberto ao público.
Esse experimento conversa diretamente com o que discutimos e pesquisamos nessas 3 semanas - elaborando e compartilhando tarefas, buscando expandir nosso entendimento sobre nossos próprios processos, nossos interesses e diferentes modos de produzir.
Na GP, construiremos com o público uma performance através da discussão sobre ela.
Uma ficção compartilhada e produzida onde os papéis performers/público serão definidos na hora.
Acontecerá dia 08/05, no Estúdio 1 do Centro Coreográfico do Rio de Janeiro (onde acontece o CoLABoratório) às 11h.
¡Necesitas ser un miembro de movimiento | movimento para añadir comentarios! | É preciso ser membro para incluir comentários
Participar en movimiento | movimento