Espetáculo de dança contemporânea da Cia. Investigação Cênica, comtemplado com o prêmio Klaus Vianna/FUNARTE 2008. Gosto não se discuti (isso é fato!); Quem ama o feio, bonito lhe parece; Mais feio que sapato de padre; Feia que nem mulher de cego, entre outros ditados populares... É sempre assim, é sempre muito engraçado falar de quem prestamos atenção de maneira dilatada, seja para o bem ou para o mal. O problema acaba sendo vantagem para qualquer opinião alheia. Não paramos primeiramente para nos reparar! Bom, mas o espetáculo vai muito, além disso, e de outros dos ditados muito conhecidos. (Tão bonito de tão feio é uma obra cheia de cenas literalmente desprendidas do comum, é notória a afinidade entre os bailarinos, não pela organização, que se dá de forma especial no projeto) mas pela desconstrução aplicada à dança contemporânea de um tema tão ambíguo. A temática parece um quebra cabeça, assim como um jogo, que intervém por varias vezes durante o espetáculo. Parece que palavras podem ser combinadas, assim como na matemática em seus conjuntos, ou nas suas projeções de números combinados e exatos. Tudo monta, e a principio se aproveita da ingenuidade, característica do virgem corpo que ainda experimenta sensações novas. A obra brilha! Brilha com a crítica, com sua ousadia, nas dinâmicas de cenas, com seu entrosamento peculiar, na belíssima e destacada sonoplastia. Danilo Brachi, Diretor da Cia. não amarra uma idéia para justificar seu trabalho, muito pelo contrário, a obra é mista, tem um elenco misto, tem cronologia artística mista, tem pesquisa mista, tem colaborações e interpretações particulares de toda a Cia. investigação cênica. Uma das cenas mais belas do espetáculo é o quarteto mascarado, e pouco tempo depois verdadeiramente desnudo, desavergonhado, ou melhor, a resistência da verdade contida da personalidade que assumi o que é, e se deixa ser interpretado, sem na verdade se dá conta do que possam ser esses juízos de valor apontados. A natureza reassume sua posição original, tentativas de amadurecimentos que valem a pena ser externados e que contribuem para algo no melhor sentido. Fica impossível mascarar sempre, esconder tudo e toda hora. Sobre uma perna só os bailarinos denotam insegurança, fragilidade, defeitos, a real aparência que cobre deficiências naturais ou adquiridas, a falta de verdade, as adaptações agressivas impostas pela atual realidade humana e capitalista... O corpo nu está sob tentativas, sob novas oportunidades de educação natural, de um bom retorno para uma melhor compreensão de vida, a vida parece da uma nova oportunidade (coisa impossível literalmente) e que o espetáculo nos leva a refletir. O corpo ali, espera congregar ações e reações para mudar alguma coisa no mundo, intervenções, tenta aproximar um melhoramento do comportamento para com os outros e principalmente para consigo mesmo... É a vida olhando para o espelho e vendo reflexos. Desfiles, interações, liberdade, a música boa nos pede um tempo para digerir as primeiras informações plurais do espetáculo, no tempo, com irônia e tecnologia o trabalho conversa com linguagens diferentes, aproxima melhor seus espectadores. As coreografias carregam muito da da arte dramática e dão destaque aos personagens-bailarinos, que vez ou outra, invertem esse esteriótipo e se tornam primeiramente bailarinos. Sem dúvida, a investigação é uma Cia. que cresce a passos largos e afina um discurso coreográfico que tenta compreender a vida e seu todo seu cotidiano inspirador, tão bonito de tão feio, convida-nos para uma aproximação daquilo que é mais real em nós, é intenso o pedido de equilíbrio psicofísico, oportuniza-se a vontade da carne em alguns momentos que loga a identiflica em plenitude e fragilidade, o espetáculo nos da oportunidade de fugir de rótulos, da conformidade, ele partilha angústias que construímos diariamente, partilhas comportamentos que nem sempre causam boa impressão no que depender da referência e da cultura de quem julga o determinado momento. O "controle" sobe atitudes construídas para impressionar, nada mas são, do que muitas vezes verdadeiros puxões de tapetes em si próprios. Nada saudáveis, continuamos a busca pela plástica, pela não verdade, pela adaptação agressiva e que não respeita tempo e personalidade, ou qualquer cultura construída e pré-disposta, esteras e séries vaão atropelando e nos deixando cada vez mais confusos e perdidos dentro de si, por conta dos outros e da nossa falta de valor subjetivo e ancestral. Bonito ou feio, muito ou pouco apreciável no que depender de plurais perspectivas, somam todas uma só espécie, que precisa voltar e redescobrir valores que balanceiam o verdadeiro sentido da viver. Por: Alexandre Ataíde
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