O corpo que pensa e transporta a sua cidade, para lugares além da história escrita que busca verdades, bem debaixo do concreto. A intervenção proposta pela Cia. neste mês de Outubro foi uma forma de recorrer a questões sobre nossa cidade que não foram esclarecidas e sim silenciadas. Teresina é uma cidade submissa, por temer seu verdadeiro processo histórico. Tornando-se imprópria para a sua própria história, essa abstrusa dentro dos corpos antigos, invólucros de memórias. Moradores da Rua de São Benedito, Alto da Jurubeba, Cruzeiro, Cabral, São Raimundo, Ilhotas, seus abrigos de palha e chão batido, nossa gente negra. Eram corpos que incomodavam, cuja força, inteligência e juventude foram usados na construção da “cidade-futuro”, essa mesma que hoje nega o Espaço Sagrado, não reconhecido: O Cemitério de Anônimo de Negros. Queremos com os nossos corpos perguntar: o que acontece com a nossa história? Por que o solo sagrado é profanado e desrespeitado diariamente? Por que a cidade não reconhece seus verdadeiros construtores, aqueles que nos doaram suas bagagens in/visíveis, trazidas de longe? Por que teimamos em não reconhecer a nossa ancestralidade? Essa que é negra, índia e que transformada em cafuza, mameluca, se converte em nós. Esses corpos/vida silenciados pelo discurso homogeneizador e asséptico da história branca e oficial que todo dia, engolimos calados. A história da mão de obra escrava na construção de Teresina é ocultada. A limpeza memorial da cidade é milimetricamente projetada para que todos os seus espaços, não só os físicos, mas também, e especialmente, o da memória sejam reocupados. Só há espaço para os “ilustres”, projetistas, mafrenses, empreendedores de mentiras e medos. Considerações da Cia. Luzia Amélia sobre a edição de outubro de 2009 do Projeto 1 Minuto Para Dança, realizado em Teresina/Piauí/Brasil.
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