Quarta-Feira, 19 de Novembro de 2008 | Versão Impressa

MOSTRA NASCE APOSTANDO NOS NOVOS

1.º Festival Contemporâneo, encerrado no domingo, reuniu na Galeria Olido nove espetáculos nacionais e quatro estrangeiros

Helena Katz

Por iniciativa de Adriana Grechi e Amaury Cacciacarro Fillho (leia-se Estúdio Nave), e contando com a colaboração de Marcelo Evelin na direção artística, a cidade de São Paulo ganhou o seu 1º Festival Contemporâneo de Dança. Realizado na Galeria Olido, encerrou-se no domingo, depois de apresentar nove espetáculos brasileiros e quatro estrangeiros, recheados por duas conversas com os artistas mediadas por Fabiana Dultra Britto, coordenadora do Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia.

Com um eixo curatorial pautado por escolhas coerentes, o festival iniciou-se com Vapor (Helena Bastos e Raul Rachou), sinalizando o seu compromisso com pesquisas que fazem a dança contemporânea avançar. A programação confirmou esse posicionamento com as obras de Cristian Duarte e Thelma Bonavita (Eletro-Químicos, Baby), de Keyzetta e cia. (O Homem Continua ou Como Pode Um Homem Pensar Que É Dono de Um Boi?) e Projeto DR (Sheila Arêas, Mara Guerrero, Laura Bruno e Tarina Querello). E com os artistas vindos do Uuruguai (Federica Folco), México (Josie Cáceres), Espanha (Cristina Blanco), Holanda (Daniel Almgren) e Alemanha (Thomas Lehmen).

Há que se destacar também um outro importante papel assumido pelo 1º Festival Contemporâneo de Dança: o de se entender como um espaço também para o novo. Sua aposta em lançar O 12, um novo coletivo sediado na cidade de Votorantim, em São Paulo, que estreou Mãos Sujas de Tinta e Algumas Idéias de Dança, foi muito bem-sucedida. O 12 mostrou um trabalho que funciona como um cartão de apresentação de si mesmo: mostrado na rua, lidando com o entorno (carros e transeuntes passando e interrompendo), propõe uma dança que depende de cada um estar atento ao outro, e da compreensão de que cada qual é, simultaneamente, apoio ou buscador de apoio. A sabedoria da sua primeira criação os transforma em um projeto que merece apoio e acompanhamento.

Mas esse não foi o único coletivo do Festival. Houve outro, participando do Teorema Demonstrativo. Curiosamente, o Coletivo KD, que dançou Esquizo, vem de Sorocaba, cidade vizinha da Votorantim do coletivo O 12. Teorema é o nome de uma outra ação do mesmo Estúdio Nave que, em 2008, na sua quinta edição, ocorreu ao longo do segundo semestre na sua sede, em Vila Madalena. Trata-se de um formato original, no qual um teórico aceita o desafio de formular uma proposição a partir do que assiste. O Teorema Demonstrativo apresentado dentro do 1º Festival Contemporâneo de Dança reuniu um representante de cada um dos teoremas anteriormente realizados e contou, no papel de propositora, com a sua própria curadora, Fabiana Dultra Britto.

Não da mesma maneira, mas o Teorema Demonstrativo também representa uma aposta no novo. Afinal, no Teorema, que em 2008 atingiu o seu melhor formato, juntam-se jovens estreantes e não estreantes. Dentre os estreantes, destaca-se Eduardo Fukushima (Entre Contenções), cuja movimentação, pautada por espasmos de uma respiração que soluça, vai desenvolvendo um curioso modo de fazer com que seus pequenos gestos fechem campos de atuação próximos ao seu corpo.

O Cisne, Minha Mãe e Eu, de e com Janice Vieira e Andréia Nhur, talvez seja uma das mais competentes demonstrações já realizadas de como tratar a questão do legado em dança. Um verdadeiro tratado sobre heranças que o corpo carrega, que encontrou a sua melhor poética. Elisabete Finger, membro do coletivo Couve-Flor, de Curitiba, mostrou Adaptação. Mais sólido que sua obra anterior, Amarelo, com ele estabelece uma ligação umbilical, como se dele saíssem traços estruturantes que se enredam no Adaptação, no qual o amarelo também se continua na cor da "saia" usada. O mais curioso é que a movimentação vai se tecendo com a lógica de uma partitura musical (fermatas, trinados, clusters...) O exercício final de associar palavras pela sua materialidade sonora e não pelo seu significado como que explicita essa questão.

O 1º Festival Contemporâneo de Dança teve patrocínio da Caixa Cultural e da Secretaria Municipal de Cultura e apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e Instituto Goethe. Que no próximo ano, a sua segunda edição amplifique a excelente contribuição que acaba de fazer para a cidade de São Paulo.

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Comentario por Layo Bulhão el | em noviembre 14, 2010 a las | às 10:20am
evento maravilhoso...

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