A escola de capoeira de João Pequeno fica localizada no Forte de Santo Antonio, Salvador/Bahia. Lugar por demais agradável e que vem abrigando um centro de estudos para a capoeira Angola. Lá todas as etnias ou cores e raças, ou, simplesmente humanos, misturam-se ecoando o canto dos trabalhadores “ex-escravos” , “ a manteiga que caiu, iá ia, io io, pertence a quem? à aia e a ioÔ!” E a capoeira pertencem a quem? Áqueles que querem fazer dela um bom jogo, uma boa dança, uma luta e por ser jogo tem que ser lúdico. Se é lúdico, ocorre aprendizado. Aprendizado que rompe fronteiras quando instrumentos musicais transitam na roda, , berimbaus, pandeiros e agogôs, passando de mão em mão. O Mestre dá o comando do canto, o alcance vocal necessário para atingir a harmonia. O pandeiro tímido não deve ser tocado, pandeiro deve ser explorado, “espancado” forte, para que bons ouvidos captem através de seu corpo estremecido algo ou tudo mexido. O berimbau é a alma da capoeira, o berimbau provoca sensações que vibram, é um corpo à parte representativo por si só na capoeira. Fala-se berimbau, fala-se capoeira. Nas paredes da academia de João Pequeno de Pastinha há informações com zines interessantes, tanto na ilustração, quanto na qualidade dos textos, manifestos de uma quantidade de pessoas que querem afirmar e desvelar que o preconceito é fruto de uma ideologia predominantemente dominante e escravocrata, os panfletos não negam a escravidão, pelo contrário, afirmam a escravidão como ponto de partida para dizer que o negro não quis ir para lugar nenhum após a libertação dos escravos no Brasil, ele foi obrigado ou melhor, foram e são “obrigados”, pela força, por todo tipo de violência, a maior delas, o preconceito, a entrarem pelas portas dos fundos, porém, afirmando este fato, alguns fazem o contrário, por direitos adquiridos também á força, de dizer que podemos e devemos entrar por qualquer porta que desejamos, e podemos jogar capoeira em qualquer canto, contanto que não atrapalhe, que não maltratem nenhum ser humano,muito pelo contrário, proporcionem com o jogo no mínimo um prazer estético. O professor de capoeira tem sobretudo uma ótima voz, conhece bem as pausas musicais e entre silêncios sabe utilizar os instrumentos com maestria. Viva Zoinho! contra-mestre afetuoso e claro amante da capoeira angola.
O mestre João Pequeno conta com 90 anos. Se temos Kazuo ONo no Japão, podemos dizer que temos João Pequeno na Bahia, com distinções de estilos é claro. Na historicidade da capoeira angola, motivos, detalhes, fotografias, pequenas histórias e versos que traduzem imagens , palavras cantadas, entoações sobretudo dançáveis. No aquecimento o amolecer, significa relaxar, gingar estar atento. Ao jogar a capoeira Angola estamos nos permitindo , estamos nos preparando para uma viagem que agora se concretiza, angola, Brasil, Salvador, Pelourinho, Cana de açucar e Butoh.

Cláudio Antônio (Pedagogo e Artista Cênico)

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