Entrevista: Marcelo Evelin, curador do 13º Festival Internacional de Dança do Recife.

O Festival Internacional de Dança do Recife tem, em sua décima terceira edição, a curadoria do coreógrafo Marcelo Evelin. São quase trinta anos dedicados à dança, vinte dos quais vividos no exterior, o que possibilitou a Evelin o intercâmbio com expressões artísticas do Brasil e de outros países. Evelin defende a interação da dança brasileira com propostas modernas da dança internacional. Em entrevista a jornalista Nice Lima, ele fala sobre o conceito de “experimental”, a proposta do 13º Festival Internacional de Dança do Recife e a profissionalização da dança no Brasil.

A dança vem, cada vez mais, se liberando de rótulos e conceitos. Para se referir a esse fenômeno, muitos utilizam o termo “experimental”. Para você, o que representa, de fato, um trabalho experimental?

Marcelo Evelin – Eu acho esse termo “experimental”absolutamente perigoso. Eu acho que não é isso, que a gente não pode partir do pensamento que existe uma dança convencional, o que existe é uma dança velha, o que existe é uma dança obsoleta. São formas de poder que insistem em institucionalizar as coisas. Ou seja, tudo que não é feito de acordo com os padrões de uma elite que manda, vira experimental. Pois, no fundo, no fundo, quando a gente fala de uma coisa experimental, a gente se refere a uma coisa que não é tão boa, muito pronta....O que eu acho é que a dança está sim, cada vez mais atual, mas eu acho extremamente perigoso esse termo “experimental”.

Diante de tanta diversidade nas propostas dos grupos de dança, quais são os critérios adotados para a escolha das companhias que participam do 13º Festival Internacional de Dança do Recife?

São muitos brasis dentro de um só Brasil, nós precisamos ter uma abertura para fora do Brasil, não no sentido de achar que o que é feito lá fora é melhor, mas no sentido de dialogar com eles, com a nossa qualidade, com a nossa voz, a partir da nossa realidade. É importante a gente trabalhar em parceria. Por exemplo, toda a programação internacional é decidida a partir dos circuitos dos festivais. O poder de escolher os grupos não deve passar só por uma pessoa. O que foi pensado para o Festival de Recife, foi tentar unir o foco na figura do criador – que pode ser do Recife, do sudeste, do Brasil, do mundo – para ver como cada indivíduo se organiza no coletivo, para ver como esses traços pessoais dialogam com as idéias de outros artistas e do público. A gente buscou dentro da diversidade, encontrar um representante de cada tipo de trabalho. Optamos por novos formatos, novas linguagens, espetáculos que retratem este novo momento que a dança vive, que permitam enxergar o público como ser ativo. A marca do festival este ano é a quebra de fronteiras e busca de novos formatos.

Exemplo dessa diversidade é reunir, num mesmo festival, espetáculo de uma companhia francesa como a Maguy Marin e o Encontro de B.boys do Recife. Além da pluralidade de estilos, há a descentralização dos espetáculos.

Eu acho que nós temos de celebrar essa pluralidade. Uma das políticas mais interessantes que a arte pode propor é a do não-isolamento. Todos os quatro teatros (Santa Isabel, Apolo, Hermilo, Parque) recebem um espetáculo internacional; um nacional; um espetáculo do Recife ou de um criador pernambucano. Eu acho interessantíssimo um festival que acontece em espaços diferenciados. Essa descentralização é uma idéia clara do festival, principalmente pensada pelo Arnaldo Siqueira (Coordenador Geral do 13º Festival Internacional de Dança do Recife).

A partir do ano que vem a Universidade Federal de Pernambuco passa a oferecer o curso de dança. O que isso representa para a dança de Pernambuco? Quais os efeitos da implantação desse curso para o Festival Internacional de Dança?

Esse fato é uma vitória. Um exemplo para o país e para o mundo. O Movimento de Dança do Recife tem trabalhado de maneira inacreditável, responsável, e a implantação desse curso se deve muito à atuação do movimento. Recife já tem teóricos, mestres em dança, pessoas bem formadas e essas pessoas contribuírem para que outras tenham uma boa formação em dança é extremamente louvável. Acho que esse curso vai mudar muito a dança no Recife e, muito em breve, sentiremos no Festival, os efeitos positivos da implantação desse curso.

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Comentario por jorge schutze el | em agosto 7, 2010 a las | às 12:43pm
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