A Cia Cínica Dança propõe Os Cinocéfalos, intervenção urbana, como disseminação da sua pesquisa artística e processos criativos. O trabalho confirma a opção ético-estética pelo trânsito explícito entre aspectos da filosofia antiga e a cultura contemporânea, temas como estoicismo, nomadismo. Diríamos que os ‘cabeça de cão’ são monstros que nos endereçam a um produto de uma variedade de morfogênese (indo do somático ao e étnico) que se alinham para atribuir significado ao Nós e ao Ele que está por detrás de todo modo cultural de ver, o monstro da abjeção reside naquela geografia marginal do Exterior, além do Pensável, um lugar que é duplamente perigoso: simultaneamente “exorbitante” e “bastante próximo¨.

Esta intervenção urbana emerge do trabalho de campo associado ao registro fotográfico de cães, mendigos, catadores, vendedores ambulantes e tantas aparições marginais de uma cultura contemporânea que exclui e inclui, buscando o olhar ético para o interior da intricada matriz de relações (sociais, culturais e litero-históricas) que os geram, buscando propor questionamentos aos modos e percepções da vida nas cidades.
O cortejo realiza um percurso aos centros de cidades, o termo cortejo é utilizado por nos colocarmos em movimento como parte do [e com] o fluxo em que nos inserimos, a parte que gera atrito, rachadura. Dois cinocéfalos seguem transportando um barril ambulante e sonoro que emite uma compilação de música microtonal.