A questão é: se como dizem sociologos o corpo é resultante da cultura, para cada particularidade cultural se construiria um determinado corpo. E assim dentro de uma determinada cultura se encontrariam traços corporais identitários. Voce reconhece essa identidade enquanto dança, enquanto pesquisa? como essa identidade se apresenta nos seus processos e resultados?

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Respuestas a esta discusión | Respostas a este tópico

Olá amigo,

Não acho que exista um corpo diferenciado nordestino, mas corpos são da sua natureza serem "singulares", pois acredito que processam e são processados pelo seu habitat, pelas conexoes com o mundo que lhe arrodeia ou que lhe seja possivel conectar e aqui se são nordestinos ou de Tokyo não importam muito, porque corpos, acredito eu, recebem e doam informações ao mundo, processam e são processados, e se ele se encontra no nordeste ou em qualquer lugar não acredito que seja a questão, mas como as informações que esse corpo processa se conecta a suas informações e são jogadas no mundo, e se são identidades nordestinas ou sulistas, ou europeias talvez tenha haver com "como esse corpo singular é atravessado pelas questões que lhe chegam de mundo, será que o que ele joga no mundo, após processo lhe confere identidade nordestina, européia ou...? Não sei, mas creio que somos nós os nordestinos brasileiros, nesse caso especifico, quem identificamos afinidades e talvez por isso acharmos que esse corpo seja "nordestino", mas se esse corpo nordestino está em Tokyo, alguns ali, acharão afinidades que lhe confiram achar que são de Tokyo e assim por diante...Então as afinidades é que começam a formar "bandos" que nos dão a impressão de identidade, e aqui acredito eu, não diz respeito a culturas especificas, mas a um amalgamado de culturas que chegam e vão, processam e são processadas pelo corpo (uma ação que me parece estar em gerundio), questões que chegam ao corpo e questões que o corpo joga no mundo. Afinal que pode o corpo, eis a questão?
Dificil colocar em palavras esse meu pensamento, espero que possamos juntos desenvolve-lo...
Uma nota importante:



CORPO E SOCIEDADE.
Ao longo da história o corpo tem se mostrado de diversas formas, sendo fundamental na compreensão e expressão da sociedade ao qual está inserido, de tal forma que em qualquer sociedade observamos diferentes modelos seja de sensualidade, saúde, postura etc. responsáveis pela formação de homens e mulheres que vêem o corpo humano como uma filosofia de vida.

Na civilização greco-romana da antiguidade o corpo era valorizado pela saúde e capacidade atlética, o corpo espartano era reflexo do corpo guerreiro, já em Atenas é percebido o corpo poético e filosófico. No século XV, na época do renascimento o corpo feminino entra em cena com seios grandes, corpos gordos representando a fertilidade, sendo retratado em muitos quadros e ilustrações -o corpo feminino miúdo e roliço lembrava as bonecas de louça. Na década de 1920, os atores do cinema americano passaram a representar o ideal masculino, para muitos seus traços físicos eram andróginos.
Depois destes exemplos verificamos que na sociedade que vivemos não é diferente, observamos que impera na nossa cultura um grande valor e desejo pelo corpo magro, sarado, saudável enfatizando o bem - estar e a felicidade desejada. Vivemos em um mundo em que as aparências mandam, o corpo é motivo de grande inquietação. Ainda jovens, os estudantes são estimulados a consumir, a buscar o corpo perfeito, a seguir dietas rigorosas, com uso de medicamentos e correções cirúrgicas. A auto-estima e a solidariedade social ficam relegadas a um plano secundário. Na verdade, corpos obesos são rejeitados e vistos como algo que causa espanto, porque não coincide com a norma, com os modelos ditado pelo meio externo.
A aparência pessoal é um forte apelo para ingressar e manter-se no mercado de trabalho. A obesidade é um fantasma que pressiona seres humanos homens e mulheres de nossos dias.A mídia aponta para modelos cada vez mais magros e mais jovens no mercado de trabalho.Trata-se de uma questão presente na moda, nas artes, no mercado em geral. Nunca as cirurgias plásticas de embelezamento foram tão freqüentes como na atualidade.Na área da Moda, o apelo à busca do corpo visto como perfeito, assim como o consumo de produtos de moda constituem áreas de ênfase.
É necessário entender que o corpo sofre mudanças desde o nascimento até o envelhecimento e que a sociedade de consumo não consegue suportar todas as marcas e cicatrizes do corpo no tempo. Espera-se então que o ser humano volte o olhar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária e que seja capaz de compreender, de ser, de conviver e que através de suas aspirações pessoais possam ser capazes de entender que nem sempre suas condições coincidem com o modelo social.
não sei se entendo exatamente o que voce pensa, me parece que voce acredita que existe uma matriz fixa - o corpo humano que pelos agenciamentos culturais se cultivaria e se tornaria nordestino ou de Tókio? ou voce quer dizer que tanto faz ele agencia o meio e não se altera exatamente por essas travessias que sofre?

De qualquer forma é evidente, e voce deve concordar que o corpo de uma pessoa em tokio é distinto de um corpo no sertão do nordeste. Alías os corpos são rigorosamente distintos sempre. Ou pelo menos os vemos e sentimos assim.
Que o meio altera essa formação - tanto o físico quanto o cultural, também me parece que nao restam dúvidas - Uma senhora que vive no sertão de alagoas tem a pela ressecada o modo de andar e de gesticular característico dessa região
Os pescadores de Riacho Doce, bairro onde vivo, são sempre aberto e rachados nos calcanhares, posso dizer que isso se deve a um fator ambiental, o sal e o iodo da agua do mar, e/ou por um modo cultural de mimetizar a corporeidade social que acaba forçando o calcanhar no seu caminhar. Mas essa diferença existe, comparada a um habitante de tókio que reside e trabalha num restaurante suchi e usa aquela sandália de madeira - que acaba dando um modo específico de caminhar. Se considerarmos a gestão genética, o nosso problema vai muito mais além . Os genomas que existem aqui embora similares em alguns aspectos é totalmente distintos dos existentes lá.

S
VALERIA PINHEIRO dijo:
Olá amigo,

Não acho que exista um corpo diferenciado nordestino, mas corpos são da sua natureza serem "singulares", pois acredito que processam e são processados pelo seu habitat, pelas conexoes com o mundo que lhe arrodeia ou que lhe seja possivel conectar e aqui se são nordestinos ou de Tokyo não importam muito, porque corpos, acredito eu, recebem e doam informações ao mundo, processam e são processados, e se ele se encontra no nordeste ou em qualquer lugar não acredito que seja a questão, mas como as informações que esse corpo processa se conecta a suas informações e são jogadas no mundo, e se são identidades nordestinas ou sulistas, ou europeias talvez tenha haver com "como esse corpo singular é atravessado pelas questões que lhe chegam de mundo, será que o que ele joga no mundo, após processo lhe confere identidade nordestina, européia ou...? Não sei, mas creio que somos nós os nordestinos brasileiros, nesse caso especifico, quem identificamos afinidades e talvez por isso acharmos que esse corpo seja "nordestino", mas se esse corpo nordestino está em Tokyo, alguns ali, acharão afinidades que lhe confiram achar que são de Tokyo e assim por diante...Então as afinidades é que começam a formar "bandos" que nos dão a impressão de identidade, e aqui acredito eu, não diz respeito a culturas especificas, mas a um amalgamado de culturas que chegam e vão, processam e são processadas pelo corpo (uma ação que me parece estar em gerundio), questões que chegam ao corpo e questões que o corpo joga no mundo. Afinal que pode o corpo, eis a questão?
Dificil colocar em palavras esse meu pensamento, espero que possamos juntos desenvolve-lo...
Valeria, não sei se entendo exatamente o que voce pensa, me parece que voce acredita que existe uma matriz fixa - o corpo humano que pelos agenciamentos culturais se cultivaria e se tornaria nordestino ou de Tókio? ou voce quer dizer que tanto faz ele agencia o meio e não se altera exatamente por essas travessias que sofre?

De qualquer forma é evidente, e voce deve concordar que o corpo de uma pessoa em tokio é distinto de um corpo no sertão do nordeste. Alías os corpos são rigorosamente distintos sempre. Ou pelo menos os vemos e sentimos assim.
Que o meio altera essa formação - tanto o físico quanto o cultural, também me parece que nao restam dúvidas - Uma senhora que vive no sertão de alagoas tem a pela ressecada o modo de andar e de gesticular característico dessa região
Os pescadores de Riacho Doce, bairro onde vivo, são sempre aberto e rachados nos calcanhares, posso dizer que isso se deve a um fator ambiental, o sal e o iodo da agua do mar, e/ou por um modo cultural de mimetizar a corporeidade social que acaba forçando o calcanhar no seu caminhar. Mas essa diferença existe, comparada a um habitante de tókio que reside e trabalha num restaurante suchi e usa aquela sandália de madeira - que acaba dando um modo específico de caminhar. Se considerarmos a gestão genética, o nosso problema vai muito mais além . Os genomas que existem aqui embora similares em alguns aspectos é totalmente distintos dos existentes lá.

É o que esta dizendo, eu creio, o James, não é isso, James?
Quanto ao que o James aponta, eu concordo plenamene, tem um dado aí que fica incompleto - só o meio altera o corpo, ou o corpo ja possui na concepção um "humor" (não sei se a palvra é boa) que vai lidar com o meio e disso é que se constroi sua forma, o que voces acham???
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Justamente, e fazendo disso a situação, que corpo, para que finalidade, para que dança.
e voce acha que o corpo ja vem com informações - humores, ou um pré projeto de sua formação? talvez seria o DNA. Se concorda, Que nome voce daria a isso??
"não sei se entendo exatamente o que voce pensa, me parece que voce acredita que existe uma matriz fixa - o corpo humano que pelos agenciamentos culturais se cultivaria e se tornaria nordestino ou de Tókio? ou voce quer dizer que tanto faz ele agencia o meio e não se altera exatamente por essas travessias que sofre?"

Ola amigo,

Matriz fixa, jamais, se acredito num corpo como unico, sem "clones" pelo menos ainda, jamais poderia pensar nesse corpo matirz "cópia", penso aqui no corpo sujeito, acho que não me fiz entender, vou tentar construir meu pensamento de outra forma.
Primeiro concordo em numero, genero e grau que o corpo processa o meio e o meio é tambem processado por ele, por isso o homem do sertão tem caracteristicas que lhe são peculiares, diferentes do homem urbano ou dos que moram nas ladeiras do pelopurinho, ou em Tokyo será?
Esse corpo do sertao qdo em contato com o mundo faz conexoes com essas peculiaridades que estão armazenadas, digamos que numa biblioteca sua, e quando ele retorna a informação pro mundo já processadas chegam ao mundo peculiaridades que lhe identifica (ou pelo menos tenta traçar caminhos nesse mapa de identidades que o compoe ou que vem compondo-o ao longo dos tempos) e á medida que ele é atravessado por diferentes mundos, seus processos, mesmo dentro de conexões peculiares, são transformados, e isso os tranforma, entao seria ele ainda assim um signo só de um lugar especifico "sertão", ou "Tokyo" ou " lugar x ou y"?
O que nos aproxima desses corpos não são as afinidades? Mas essas afinaidades têm territorios demarcados? Será que os corpos que vivem no sertão sempre só se identificarão com corpos vizinhos, ou seja sertanejos?
Posso ter afinidade com corpos que provieram do sertão, por ter em mim conexões que me serão familiares, mas também posso ter afinidades com corpos que provem de outros terrenos aridos, que não sertão brasileiro, e ainda assim ter afinidades grandes. Não seria então os processos os responsáveis por esse mapa de identidade que vamos construindo pra nós ao longo dos tempos, os responsaveis por esse "estado de corpo" que nos confere familiaridade?
Muitas questões ainda amigo, acho que preciso pensar mais e qdo tiver melhor formado meu pensamento a este respeito volto a dividir com voces.
beijos

val
Acho que não, posso ainda estar enganada, o que quero defender é que o corpo não é de um ou de outro lugar,seria, acho eu, pensar de forma etnocêntrica, é como se ao ver um corpo que tem rachaduras nos pés provocadas por determinado fator, só pudesse ter se fosse desse lugar especifico, quem nos garante que em Tokyo algo nesse sentido não provoque tambem rachaduras em pés? Então isso o identifica ser de um lugar? Mas de onde afinal? Tokyo ou sertao, ou lugar x, y....z?d ou mesmo não identifica um ou outro lugar, mas sim, os processos que lhe chegam e os resultados desses processos que ele retorna como informação pro mundo
jorge schutze dijo:
Quanto ao que o James aponta, eu concordo plenamene, tem um dado aí que fica incompleto - só o meio altera o corpo, ou o corpo ja possui na concepção um "humor" (não sei se a palvra é boa) que vai lidar com o meio e disso é que se constroi sua forma, o que voces acham???

Eu trocaria "humor" por informações...

é curioso como voce coloca: o o que quero defender é que o corpo não é de um ou de outro lugar,seria, acho eu, pensar de forma etnocêntrica mas o corpo tem de nascer e crescer viver , trocar etc com um espaço es´pecífico num tempo específico. Ou seja eu posso imaginar-me em vários lugares ao mesmo tempo, mas meu corpo esta num lugar específico - um eterno aqui e agora. Não quero pensar de forma etnocentrica, mas o epaço e o tempo (sejam ou não reais) é vivenciado pelo corpo de modo incondicional.
Eu concordo com voce amigo, não somos de um ou outro lugar, processamos as informações do lugar ou mundo que estamos, mas sim, concordo, estamos levando sempre informações dos lugares que vivemos, acho que vamos acumulando "peles" que acabam se transformando com as novas experincias, enquadrando ou acumulando os lugares e os tempos que vamos amalgamando em nossos corpos. Eu diria que somos uma espécie de ação/corpo em "gerundio" kkkkk estamos indo, processando, estando, formando, sendo....e nunca somos um infinitivo, uma ação fixa, ce não acha? Acho que estamos longe da questão ser ou não ser, "estamos sendo"? beijoca val;
jorge schutze dijo:

é curioso como voce coloca: o o que quero defender é que o corpo não é de um ou de outro lugar,seria, acho eu, pensar de forma etnocêntrica mas o corpo tem de nascer e crescer viver , trocar etc com um espaço es´pecífico num tempo específico. Ou seja eu posso imaginar-me em vários lugares ao mesmo tempo, mas meu corpo esta num lugar específico - um eterno aqui e agora. Não quero pensar de forma etnocentrica, mas o epaço e o tempo (sejam ou não reais) é vivenciado pelo corpo de modo incondicional.
Tomo como minhas as palavras de Valéria e trago um pouco de deleuze e seu corpo sem órgãos, como um corpo - cosmos e um corpo que não pertence aqui nem ali, mas um corpo que tem afinidades com seu habit consequentemente, afinidades com os signos de cada espaço.
Somo ricos numa cultura indiscutivelmente mestiça e possivelmente por isso podemos ver afinidades de todos os lados.
não creio que seja uma diferenciação, mas um corpo pluralizado, simbiótico.

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