Acabo de voltar de mais um desses festivais de Dança que tem pelo país. Um festival competitivo, na cidade de Salto. Aqui vai meu e-mail de feedback para os organizadores:
Olá, meu nome é Renata Nista Spis, sou uma das responsáveis pelo grupo Estação da Dança Adriana Pizzato, o qual fez três apresentações hoje, sábado dia 05 de setembro, no SALTO FEST DANCE.
Este foi mais um dos inúmeros festivais dos quais eu já participei desde anos atrás, como bailarina e como coreógrafa. Naturalmente, passamos por experiências boas e ruins. O festival de vocês foi muito bom, por exemplo, em relação ao espaço físico. Um bom teatro e com espaço para as bailarinas, algo que já foi problema em muitas outras ocasiões. Por outro lado, o número de coreografias foi muito grande. Além disso, das minhas três, duas delas ficaram com apenas 3 números de diferença, o que prejudicou a troca de roupa e o preparo das bailarinas. Sem contar que a ordem estava diferente da que eu tinha em mãos, já que a última atualização foi enviada por e-mail na madrugada do dia da apresentação do grupo, e eu não acessei a internet. Ou seja, o intervalo entre as coreografias diminui, a troca de figuriro foi mais "no susto" ainda, prejudicando o desempenho do grupo.
Um dos principais motivos pelos quais eu faço questão de participar de eventos como este é a possibilidade de dar um retorno às minhas bailarinas do trabalho que eu tenho realizado com elas e também do desempenho de cada uma, através do olhar de profissionais especializados na área. Afinal, o que se espera de um jurado? Comentários com base em conhecimentos específicos na área, graças a formação que ele ou ela tem; possíveis elogios que valorizem o trabalho feito e motivem os participantes; críticas construtivas, que ajudam as bailarinas a se auto-avaliarem e irem além da correção do professor; e outros comentários coerentes que podem dizer respeito a música e figurino, por exemplo. Porém, não foi o que aconteceu em Salto, para o meu espanto. Por isso fiz questão de escrever assim que cheguei em casa.
Não sei se os profissionais que fizeram parte da comissão avaliadora foi divulgado antes, mas eu não tive (e ainda não tenho) conhecimento. Me desculpe se foi distração minha, mas eu também não tive o conhecimento do endereço do local até eu telefonar me informando. Enfim, peço aqui para por favor me informarem o nome de cada um, bem como sua formação em um breve currículo. E, se possível, um relato da experiência como jurado e um pouco da proposta de estar lá hoje.
Já especifiquei os motivos pelos quais eu levei minhas alunas para o festival de Salto, mas não foi isto que aconteceu. Senti, ao ler os comentários recebidos logo após as apresentações, que expus minhas alunas a pessoas totalmente desinformadas que aparentam, através de seus relatos, não serem profissionais da área e muito menos terem coerência, bons argumentos e, o mais importante, ética e caráter. Acredito que um evento como este seja cansativo para estas pessoas, mas creio que não justifique. Uma escrita breve sim, justifica. Não uma escrita medíocre. Não de todos. Alguns. Que foram campeões nos absurdos! E, por favor, não me encarem como alguém que não sabe receber críticas! Pelo contrário, adoro! Já recebi muitas, de pessoas de nome (posso citar com provas de avaliações de outros festivais que tenho em mãos), que me fizeram crescer muito. Só não sou o tipo de pessoa que se deixa ser humilhada e desvalorizada! Todo trabalho merece o mínimo de respeito! E que as críticas venham com educação. E este incômodo não foi só meu. Tive a oportunidade de conversar com pessoas de pelo menos três outros grupos que estavam tão indignadas quanto. Aliás, para elas também encaminharei meu e-mail e, se for preciso, para o nosso sindicato.
Caso vocês leiam este e-mail a tempo, solucionem este problema e não façam outros grupos, no segundo dia de apresentação, passarem pelo mesmo absurdo. Ninguém está indo dançar para ouvir a opinião do jurado, mas sim a avaliação. Ser avaliado não é ser julgado! Um jurado não tem a menor noção do conhecimento do profissional que trabalha com as bailarinas. Um jurado tem o direito de não gostar de um trabalho, mas é dever dele julgá-lo de maneira impessoal e demonstrando um mínimo de decência. Até mesmo para elogiar um trabalho um jurado precisa ser cuidadoso, para não parecer irônico, irresponsável ou amador. "Lindinha" não combina muito com uma avaliação de uma menina que estréia seu solo de repertório. Certo?
Agradeço a atenção e aguardo um retorno.
Renata Nista-Spis.