URUCUNGO

Quando nos primeiros dias de aulas do Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Alagoas, especificamente na matéria de Historia e Estética da Dança, tivemos que ler o vôo de Gisele e ficamos todo um semestre, assistindo, lendo, exercitando em nosso corpo o balé, foi quando minhas inquietações sobre o que é dança me fizeram questionar se a capoeira que eu tanto praticava era uma dança ou apenas um jogo, era um a luta ou era arte, era ritmo ou era destreza corporal.
No meu corpo estava claro que a Capoeira tinha uma força rítmica, expressiva, cultural, artística, de destreza corporal. Isso é visto no próprio jogo em execução das rodas que é um universo de signos, símbolos e linguagem que simultaneamente intrigam e encantam capaz de fascinar pela riqueza gestual e ritualística e, ao mesmo tempo, provocar temor pela imponência e imprevisibilidade das manobras.
Meu argumento para pensar em uma dança a partir dos meus conhecimentos na capoeira se consolida, quando passo a conhecer a dança contemporânea, sob óticas de pessoas que vêem outra forma de entender o corpo que dança como klauss Vianna , e o entendimento de Fayga Ostrower sobre a percepção de si mesmo dentro do agir como um aspecto relevante que distingue a criatividade humana.
Nesse sentido tive que aprofundar meu olhar sob a Capoeira, e comecei a lembrar o que me fascinou no primeiro instante que a conheci foi o som do Berimbau. Um som ancestral que permite transcender o tempo, espaço e a forma.
O Berimbau, instrumento ancestral que na áfrica distante ainda era chamado de “Urucungo”, atravessou mares. Instrumento gerado nas florestas africanas chega ao Brasil parar concentrar os negros e comunicar corpos, quando Mestre Pastinha fala em suas musicas que ”o berimbau é um instrumento que toca Paz e toca Guerra”. Isso me deu subsídio para afirmar que muitas das ações corporais do jogo da capoeira são construídas nesse sentido.
O Berimbau a muito adentrou nos espaços urbanos parar definir formas corporais e se consolidou como principal atrativo do jogo da Capoeira por tanto no meu processo de composição coreográfica, denominado “Urucungo” os estímulos iniciais foram, os movimentos de capoeira, o som do berimbau e a utilização de uma mascara que lembrasse uma mascara ancestral africana.
No laboratório de criação realizados em sala de aula, e em minha residência comecei a experimentar movimentos de capoeira, tanto de Angola quanto Regional, em relação ao, espaço, ao tempo, com a utilização de registros sonoros com o berimbau. Continue nesse processo, utilizando a mascara que tinha confeccionado.
Nesse momento, percebi que não tinha mais sentido usar a musica na coreografia, pois o ritmo do extraído ao som berimbau já estava incorporado nos meus movimentos.
Outra necessidade que senti foi a de experimentar dançar em espaços abertos e comecei pelo pátio interno do espaço cultural da UFAL. E pesquisa de movimento se estendeu ao novo espaço físico, de que como seria dançar interagindo com os bancos e as arvores do pátio. Nesse processo, trabalhei os apoios corporais, equilíbrios, respiração e pausas.
É importante ressaltar que nesse período, não utilizei a mascara. Ela volta no segundo momento da investigação, no qual eu ora dançava sem ela e ora me relacionava com ela e a colocava. A mascara, tanto como abjeto cênico como a minha expressão facial.
Outra investigação foi a de realizar improvisação a partir dos movimentos cotidianos das pessoas que circulavam pelo pátio, enquanto criava. Eu incorporava um movimento comum do “outro”, como por exemplo, “os braços cruzados” de alguém de pé, e o transformava em outros movimentos com outros significados.

Minha pesquisa corporal, Urucungo, não quer apenas ritmizar meu corpo, ela que ritmizar-se a partir de outros corpos, de outras formas e seu foco são os espaços tanto urbanos quanto caixas cênicas. É uma obra que se adapta a qualquer espaço para dançar, é uma obra que questiona o que é dança e qual seu Espaço no Tempo e na sociedade.

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