Ao lembrar a minha trajetória, é possível visualizar bastante coisa. São tantas fases, tropeços, acertos, movimentos declarados e as curvas implícitas do silêncio. Tudo é movimento, relação tudo é força em atividade gerando vida na concepção mais ampla da palavra. Tudo é sexualidade, mas nem tudo é coito, selvageria, ou qualquer rápida palavra súbita em formato de estigma, Freud concordaria em parte comigo.

Lendo hoje, era um livro de um Psicanalista, o Argentino Nasio, pude entender um pouco do caminho das pulsões (excitações energéticas), o funcionamento do aparelho Psíquico, inconsciente, recalcamento e consciência. "Um mundo de coisas", fato. Mundo o qual abriu minha cabeça com muito encanto, todavia com muitas resistências também... Mas, meu raciocínio e preocupações temporais me inclinaram logo, direto pelos corredores da dança improvisação. Perguntas como: a dança improvisação é inconsciente ou consciente? Assombraram meu "tico e teco”. Ao ir mais adiante na leitura, vi que conceituar o inconsciente não é lá, tarefa fácil ou muito óbvia. Questionei então se a dança improvisação seria uma espécie de dança que com o tempo pudesse tornasse um material mais claro. A energia migra do inconsciente para a consciência. A dança, fazendo uma alusão, sairia do ápice do abstracionismo e escuridão inconsciente, para uma atividade mais próxima da luz. A dança improvisação seria abstrata ao ser inconsciente, e com um tempo de pratica pudesse absorver vícios que dariam a ela uma conotação mais concreta e próxima do alcance raciocínio. A discussão é longa, e dentro disso abre uma complexa rede de perguntas, hipóteses e estranhezas...

A dança improvisação é mais inconsciente ou mais consciente? Ou o tempo aí, exerce uma qualidade que desloca o pensamento para algo mais objetivo? A dança improvisação seria o que, onde ela está localizada ao ser dançada? É pelo corpo que buscamos as resposta, pelas sensações desse corpo, ou pela palavra e raciocínios cristalizados. Permanecemos sem muitas respostas? Ou já temos resposta pertinente a esse respeito?

Que tipo de material é essa dança improvisação? "Se come"? Seu exercício está para além da composição capitalista-financeira-emergencial? Isso tem uma finalidade declarada? Que geleca é essa, afinal?

 

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Olá Ataíde,

Estou emocionado com sua iniciativa!

Acho muito legal debater publicamente sobre assuntos que diz respeito a muitos, e principalmente quando esse debate vem acompanhado de referências provenientes de outros campos do conhecimento, no seu caso, referências da Psicologia. E acho mesmo que esses debates dão uma nova cara para o campo da nossa dança. Acho que deveríamos incluir outras pessoas, que se interessam pelo tema, para que o debate se desdobre ainda mais! O que você acha? Waldete, Mayrla, Ana Flávia, Danilo e quem mais vier, são sugestões.

Acho divertido o jeito como você começa seu texto. Ele é sugestivo e aponta bem para o assunto do inconsciente com certa poesia. Tenho que confessar que me chamou atenção você incluir a questão da sexualidade. Sei que é um tema muito cara a psicanálise, mas, mesmo assim acho bem importante essa questão, pois percebo na cultura, de modo geral, uma dificuldade grande de tratar da questão e mais, tabus muito fortes em relação ao corpo e suas pulsões sexuais.

E por falar nisso, aproveito que você manifestou seu interesse em participar, para adiantar meu desejo de abordar questões da sexualidade, ano que vem, no contexto do meu Projeto de Pesquisa Dança e Realidade Contextual. Se você quiser se juntar a nós é super bem vindo à equipe de pesquisadores deste projeto que têm me dado muitas felicidades!

Agora, vou me permitir ir, digamos, ao centro da questão de modo mais direto! Refiro-me a primeira pergunta que você faz em seu texto. Não tenho a pretensão de respondê-la e sim problematizar, ainda mais, a questão mesma do inconsciente. Você pergunta: “a dança improvisação é inconsciente ou consciente?” Penso que inicialmente deveríamos partir de uma noção mais clara de inconsciente. De qual inconsciente estamos falando? Para Freud “o inconsciente propriamente dito consiste de processos reprimidos, exercendo pressão no componente consciente da mente do sujeito e modelando a sua vida cotidiana de modo substancial” (1950:394) já A teoria computacional, a Psicologia Cognitiva e as Ciências Cognitivas falam do inconsciente cognitivo que seria o desconhecimento do homem de como sua mente processa as informações (Kihlstrom, 1987).  Para o semioticista Charles Sanders Pirce o inconsciente é um lago sem fundo da idéias, onde cada idéia bóia de forma dinâmica em várias profundidades. Quanto mais profundo, menos perceptiva, quando se aproxima da superfície mais presente aos sentidos.

Como se pode ver existem muitos entendimentos sobre o que seja inconsciente, os que eu expus, são apenas alguns deles. Portanto, dança improvisação pode ser entendido como inconsciente, depende de que inconsciente, estamos falando. Porém, para relacionar improvisação na dança a qualquer idéia de inconsciente é importante construir argumentos sólidos. Então, talvez você pudesse tentar responder sua própria pergunta explicitando, de um lado a elaboração conceitual de inconsciente que você está estudando e do outro lado, sua experiência com improvisação e ver se essas duas coisas se relacionam, nos vários níveis. Seria um excelente exercício e pode bem se transformar num projeto de TCC, de Projeto de iniciação científica, ou quem sabe de um mestrado futuro. O que você pensa disso tudo?

Abraço.

Paulo.

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