Cirandas Microfísicas:
Construção do Pensamento em Dança
Por Cátia Assunção1
"Nada mudará a sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora,abaixo e ao lado dos aparelhos de Estados a um nível muito mais elementar,cotidiano,não forem modificados(...).“O poder não é um objeto natural,uma coisa;é uma prática social e,como tal,constituída historicamente(...)". (Foucault2,2006)

No dia 26 de Agosto o Grupo de Pesquisa Poética da Diferença/ACC Acessibilidade em Trânsito Poético desenvolveu a Cirandas Microfísicas. A referente Ciranda propôs o estudo do espaço cênico e das partes do corpo(articulações), utilizando como temática metafórica o conceito de Michel Foucault "Microquímicas do poder” sobre limitação do indivíduo no espaço social(falta de acessibilidade) e a luta pela mesma.
A Ciranda teve como objetivo propiciar a criação em Dança através de estratégias para acessibilidades espaciais e o estudo das articulações (partes do corpo), possibilitando a poética coreográfica.
Método 1
A Ciranda começou com uma breve descrição do livro Microquímicas do Poder e de seu autor Michel Foucault e de como o referente autor dialogava com a construção do pensamento em Dança sobre as questões estratégias de acessibilidades para a criação em Dança(metáfora) e para a emancipação do sujeito social.
Método 2:
Para compor a cena e propor o desenvolvimento de estratégias para a criação de células coreográficas, a sala foi demarcada por barbantes e os participantes tiveram que criar estratégia para ultrapassar, as limitações cênicas.O trabalho foi desenvolvido em solos,duos,trios,quartetos e grupão.
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1 Profª e Pesquisadora de Dança formada pela UFBA.Fez Iniciação Científica pela CNPQ.Participa do Grupo de Pesquisa
Poética da Diferença.Bolsista ACC da Proext 2011.

2 Filósofo francês (15/10/1926-25/6/1984). Pensador polêmico, cuja teoria põe em dúvida as teses de, no mínimo, dois pilares da cultura contemporânea.

Cada participante desenvolveu sua performance se adaptando aos espaços demarcados pelos barbantes,através das partes do corpo(cabeça,braços,mãos,dedos,pernas,cotovelos,joelhos,cintura e pés).
A dançarina cadeirante desenvolveu sua performance fazendo rolamentos no chão, mesmo tendo limitações notou-se que ela compôs sua performance utilizando as partes de seu corpo que tem mais mobilidade soube conduzir seu corpo no espaço.O dançarino com síndrome de Down começou sua performance retirando com as mãos os barbantes para que pudessem seguir sua trilha com o passar do tempo ele foi criando possibilidades corporais estratégicas para ultrapassar os obstáculos(barbantes) sem utilizar as mãos.No final o mesmo dançava nos barbantes sem percebê-los.Atingiu sua acessibilidade cênica.
O dançarino capoeirista chegou por ultimo e entrou no contexto da Ciranda Microfísicas sem saber o objetivo e métodos, mesmo assim poetizou sua performance junto aos obstáculos(barbantes) e criou suas células coreográficas de acessibilidade espacial. Os demais dançarinos desenvolveram suas acessibilidades cênicas e perceberam o trabalho intermediário do processo (condicionamento físico e o trabalho de alongamento). A Ciranda Microfísicas ficou Macrofísica na composição Criativa e poética em grupo.Para o final da Ciranda, houve o trabalho de sensibilização corporal através do toque nas partes do corpo.O trabalho de sensibilização foi desenvolvido em dupla.
Após a Ciranda houve a análise crítica do vídeo das Cirandas Poéticas, apresentado no Painel Performático. Todos os participantes analisaram as entrevistas e performances. No decorrer da Ciranda foi composto, o varal do pensamento em dança com a pergunta O que traz você em Dança?
Recebemos visitas da mãe do educando Rubens e a educada Cássia,ambas foram convidadas para participarem da Ciranda, mas preferiram observar.Cássia não estava bem de saúde. A mãe de Rubens apreciou muito e ficou satisfeita com o processo de seu filho no decorrer da Ciranda, a mesma agradeceu ao grupo de Pesquisa o trabalho em prol da Inclusão Social.A mesma participou da análise crítica referente ao vídeo Cirandas Poéticas.




Conclusão
A Ciranda Microfísicas possibilitou a composição cênica através dos obstáculos permitindo promover a complexidade lógica que se estabelece no corpo do dançarino com deficiência, aproveitamento de suas potencialidades criativas e poéticas.Recorrendo a Correia(2003)3”A dança precisa consolidar o discurso de sua valorização enquanto corpo capaz de poetizar, , entendendo-o dentro da perspectiva co-evolutiva entre o corpo biológico e o cultural.”
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3 Fátima Daltro é professora da Escola de Dança da UFBA,atualmente desenvolve sua Pós Graduação na Universidade de Barcelona .

Referência
CORREIA, Fátima, Corpo Sitiado...A comunicação Invisivel.Dança,Rodas e Poéticas.São Paulo,2007.

FOUCAULT, Michel, Microfísica do Poder. 22ªed. São Paulo, Graal, 2006.





O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia,mas começou no corpo ,com o corpo.Foi no biológico ,no somático ,no corporal que,antes de tudo,investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política.A medicina é uma estratégia bio-política.
Michel Foucault(1979).

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